Pioneira no Alto Tietê, Ferraz discute internação compulsória

Durante evento realizado na manhã desta quinta-feira (16 de maio), Secretaria Municipal de Saúde debateu o tema com médicos psiquiatras, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e especialistas em farmacodependência de São Paulo; tratamento sem o consentimento do dependente químico ainda divide opiniões



Mais de cem pessoas participaram na manhã desta quinta-feira (16 de maio) do evento promovido pela Secretaria de Saúde de Ferraz de Vasconcelos em referência ao Dia de Luta Antimanicomial, comemorado oficialmente em 18 de maio. Durante o encontro, foi discutido o tema “Internação Compulsória: Solução ou Retrocesso?”. Abrigado no auditório da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio (avenida Santos Dumont, 1.626, Tanquinho), o encontro deixou claro que a recuperação do dependente químico é necessária. Contudo, não pode ser adotada sem o consentimento do paciente.

Entre as demais dez cidades que o Alto Tietê abarca, Ferraz foi pioneira ao promover um debate sobre a internação compulsória. A municipalidade, inclusive, convidou profissionais credenciados para falar sobre o assunto. Integraram a mesa principal de trabalhos os médicos psiquiatras Lenon Mazetto e Krysantho Muniz - diretor do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (CRATOD), vinculado à Secretaria do Estado da Saúde - a assistente social Lúcia Gomes, também do CRATOD, e Aline Godoy, terapeuta ocupacional especializada em Farmacodependência.

Durante as explanações, vários aspectos no que reside à internação compulsória foram analisados, dando conta que o tratamento é necessário, porém, a forma como é oferecido sem ônus nos dias de hoje deve ser revista. A base das explicações foi a lei sancionada pelo governador Geraldo Alckmin em janeiro de 2013 e que prevê o tratamento gratuito, mas sem possibilidade de escolha por parte do dependente, objetivando sua recuperação:



“Como gestor da Saúde e cidadão, sou a favor da recuperação do dependente químico, mas não por meio de tratamento forçado, pois o problema não é apenas orgânico, mas, também, psicológico. Não podemos forçar alguém que não quer se tratar. Assim, é preciso que o dependente seja trabalhado, por meio de orientação e acompanhamento psicossocial, para que entenda que precisa de ajuda especializada. Não podemos voltar a ter manicômios no Brasil,verdadeiros depósitos de dependentes que, assim que saem, podem retornar ao vício”, considerou o secretário municipal de Saúde, Juracy Ferreira da Silva.

Ainda durante as discussões, os profissionais convidados pela Prefeitura de Ferraz reforçaram a necessidade de se aperfeiçoar os serviços já prestados nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) - departamentos voltados à saúde mental mantidos pela esfera federal nas cidades brasileiras -, para que possam, também, prestar atendimento adequado a usuários de entorpecentes.

Para o prefeito de Ferraz, Acir Filló, que fez a abertura do evento desta quinta-feira, é de extrema importância conceder novas luzes entre diversos segmentos da municipalidade que têm contato direto com dependentes químicos na esteira das políticas públicas de atendimento:



“A internação compulsória deve ser vista com muita sensibilidade por parte do poder público. Não podemos ficar de braços cruzados. Existem milhares de pessoas que sofrem com as mazelas provocadas pelas drogas. Precisamos, inclusive, discutir as possibilidades de cura com a população, como fizemos hoje, pois trata-se de uma grande problemática social e de questão de saúde pública”, finaliza o gestor.

Fonte: Secom/ Ferraz  - 16/05/2013
Fotos: Will de Oliver

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