Prefeito de Ferraz determina exoneração de quatro médicos

Municipalidade decidiu acolher a solicitação de demissão de três socorristas que são parte no Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que apura possíveis irregularidades na frequência do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Ferraz de Vasconcelos; médica flagrada validando o ponto de colegas com dedos de silicone também será desligada da prefeitura; investigação interna terá prosseguimento


O prefeito de Ferraz de Vasconcelos, Acir Filló, determinou na tarde desta terça-feira (14 de maio) a exoneração imediata de quatro dos sete médicos que são parte do Processo Administrativo Disciplinar (PAD) que apura possíveis irregularidades na frequência do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) da cidade. Iniciada em 11 de março, investigação interna prossegue por mais 60 dias.

Dos sete médicos supostamente envolvidos no suposto esquema, três pediram, recentemente, à administração municipal ferrazense que fossem demitidos. São eles: o ex-coordenador do Samu, Jorge Luiz Cury, sua filha, Aline Monteiro Cury, e Rodrigo Gil de Castro Jorge. Aos 63 dias de PAD, a municipalidade decidiu acolher o pedido dos socorristas, por determinação de Filló.

O chefe do Poder Executivo também decidiu pelo desligamento de Thauane Nunes Ferreira. A socorrista de 28 anos foi surpreendida em 10 de março validando a presença de colegas com próteses de silicone. A hipótese é que a ação criminosa resultava em pagamento de hora-extra para os médicos, sem que eles, de fato, cumprissem expediente.

Os quatro plantonistas que serão desligados são contratados pela Prefeitura de Ferraz em regime CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). A situação dos outros três socorristas averiguados por meio do PAD, Felipe de Moraes, Ronnie Muniz de Oliveira e Caio José Losito Mantovani, será analisada dentro das próximas semanas e até que o relatório da Comissão Municipal que investiga as possíveis irregularidades seja concluído. Vale lembrar que o regime jurídico da relação do trio com o Poder Executivo enquanto empregadora difere dos outros que serão desligados neste momento.

Para Filló, trata-se “de uma decisão moral”, sobretudo em se tratando de médicos que há pouco mais de 60 dias encontram-se afastados, por conta do processo administrativo, mas que estão recebendo da prefeitura, normalmente, e sem trabalhar:

“Não podemos admitir que uma cidade pobre e falida como Ferraz, carente inclusive de profissionais da Medicina para cuidar e atender nossa gente, pague médico para ficar em casa. Esse caso dos dedos de silicione me tira o sono. É algo que ainda não me conformo, que é difícil de acreditar que acontecia no Samu. Já estou tomando, assim, as primeiras providências no marco destes primeiros 60 dias de investigação interna”, completou o chefe do Poder Executivo ferrazense.

Próximos passos

O PAD foi aberto em 11 de março. O prazo estipulado para o encerramento dos trabalhos era de 60 dias – que expirou no sábado (11 de março). Como a investigação ainda está em curso, o mesmo pede por prorrogação – que pode ser feita por igual período. No entanto, segundo explica a secretária municipal de Assuntos Jurídicos, Shirley Roberta de Oliveira Mariano, apesar de o grupo que está à frente do PAD ter dois meses para concluir os trabalhos, a expectativa é que a finalização ocorra em, no máximo, 20 dias.

“Neste período, não está descartada a notificação de outras pessoas, umas cinco, suspeitas de participar da suposta fraude, ou que poderiam saber sobre a irregularidade. Todos são ou foram funcionários da municipalidade. Vamos, também, colher novos depoimentos das duas testemunhas que presenciaram o flagrante da Thauane, em 10 de março, o secretário municipal de Segurança e Mobilidade Urbana, Carlos César Alves, e o subcomandante Ramos”, complementa”.

Oitivas

Hoje, a municipalidade ouviu o último médico previsto para participar de oitivas do PAD. Ronnie Muniz de Oliveira chegou meia hora antes do previsto. Optou, inclusive, pelo não acompanhamento de seus advogados. Entre 9h30 e 11h30, compartilhou numa sala da Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos sua versão sobre o que acontecia nos plantões do Samu.

De acordo com o presidente da Comissão Municipal responsável pelo PAD, o procurador Gabriel Nascimento Lins de Oliveira, assim como os outros médicos ouvidos, “Ronnie apresentou fatos novos e relevantes, que vão influir diretamente no julgamento do mérito do processo”. Com os esclarecimentos prestados nesta terça-feira, sobe para cinco as oitivas realizadas. Duas ausências, apenas, foram registradas, a de Cury e Aline.

Também parte do processo do caso Samu, o ex-coordenador do setor e a filha perderam a chance de prestar esclarecimentos à municipalidade neste momento. Por duas vezes, eles não compareceram às oitivas, apesar de terem sido oficiados. Assim, as apurações serão feitas apenas com base nos esclarecimentos já prestados e nos depoimentos que serão colhidos dentro das próximas semanas.

Fonte: Secom/ Ferraz - 14/05/2013
Foto: Jovino Souza

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