Bebê tem o 1º Dia das Mães em casa depois de viver um ano em hospitais

Bebê tem o 1º Dia das Mães em casa depois de viver um ano em hospitais

Mãe e filho, de Mogi das Cruzes, ainda superaram muitos desafios.
Francisco nasceu com gastrosquise e foi desenganado pelos médicos.


Com quatro meses, Francisco recebe carinho da mãe em hospital de São Paulo. (Foto: Jéssica Marzola/Arquivo Pessoal)
O Dia das Mães de Jéssica Marzola terá um significado especial neste ano. Esta vai ser a primeira vez que os dois vão comemorar a data juntos, em casa. Francisco nasceu de sete meses em setembro de 2012, com gastrosquise - uma má-formação congênita caracterizada por defeito na formação da parede abdominal, que faz com que o intestino do bebê fique para fora do corpo. Desde então, a luta do pequeno pela sobrevivência tem sido grande. Ele já foi internado em três hospitais e só voltou para casa em Mogi das Cruzes (SP) em setembro do ano passado, na semana em que completaria um ano de idade.

Despedida de Francisco em sua 1ª alta, com quase
um ano de idade. (Foto: Jéssica Marzola/Arquivo
Pessoal)
Em entrevista ao G1, a mãe explicou que soube no terceiro mês de gestação que a criança tinha a má-formação. O parto foi feito em um hospital de São José dos Campos, com estrutura para atender recém-nascidos com o intestino exposto.

Jéssica, porém, disse que o problema do bebê se agravou porque não houve como aproveitar o órgão, já que a parte exposta necrosou. Diante disso, ele teve a síndrome do intestino curto. Com apenas quatro horas de vida, Francisco precisou fazer a primeira cirurgia.

Por muito tempo ele ficou com o crescimento congelado. Tinha 50 cm e apenas 3 kg. “Até os três meses de vida ele rejeitava o meu leite e só se alimentava de uma fórmula especial. Foi muito desgastante, ele sentia fome, eu tinha leite, mas não podia dar”, conta a mãe, que doou o seu leite durante dois meses.

Pais acompanharam as superações de Francisco
de perto, no hospital. Nesta foto com 6 meses.
(Foto: Jéssica Marzola/Arquivo Pessoal)
A situação da criança ficou ainda mais dramática quando Francisco completou três meses. Na época, ele estava internado em um hospital de Mogi das Cruzes. Segundo a mãe, o bebê teve várias complicações, como infecção generalizada, falência hepática e nos rins. “Os médicos me disseram que meu filho ia morrer e me alertaram para que eu chamasse a família para se despedir dele”. Ela diz que depois disso arriscou tudo e o transferiu para um hospital de São Paulo. “Arriscamos e mais uma vez ele superou”, relata a mãe.

Nesta nova jornada, com oito meses, Francisco passou pela segunda cirurgia para alongar um pouco mais o intestino, uma cirurgia considerada delicada e de alto risco. Jéssica conta que depois desta fase ele passou a aceitar mais o leite e a vitamina especial que precisa ingerir todas as noites até os dias de hoje. “De lá para cá ele engordou um pouquinho, mas ainda é bem menor do que as outras crianças, ele tem o tamanho de um bebê de seis meses.”

Francisco em festinha organizada para ele no
hospital. (Foto: Jéssica Marzola/Arquivo Pessoal)
A primeira alta do menino, em setembro do ano passado, durou apenas 15 dias. “Teve que internar novamente, porque como ele tem cateter, a imunidade é sempre baixa. Ele teve infecção e febre”, explica Jéssica. Depois disso, Francisco recebeu uma nova alta em dezembro e conseguiu passar o Natal em casa, mas não o Reveillón. "Passamos a virada do ano no hospital", relembra.

De lá para cá, Francisco teve várias recaídas. Em janeiro sofreu parada cardíaca e convulsão. Novamente superou e voltou para casa. No fim de fevereiro, ele voltou a ser internado com algumas complicações. Porém, sem nenhuma sequela dos problemas enfrentados. Está melhor e em casa novamente há cerca de 15 dias. Agora Francisco continua recebendo todos os tratamentos em casa.

A mãe
O nascimento de Francisco também fez de Jéssica uma nova mulher: uma mãe forte e corajosa. Com apenas 22 anos, deixou para trás os estudos e o trabalho para se dedicar integralmente ao filho. “É dificil voltar pra casa sem o seu bebê. Sentia dores no seios, chorava durante as madrugadas, foi a pior fase da minha vida. Mas quando Jéssica olha para trás, percebe de onde tirou forças para enfrentar todos os desafios. "Por muitas vezes quando eu estava triste, Francisco percebia e me dava carinho mesmo debilitado. Cada sorriso dele, cada carinho, fazem os sentimentos ruins irem embora na hora. É incrível a nossa cumplicidade", revela.

A mãe conta que, apesar de debilitado, Francisco
lhe dava força nos momentos de tristeza.
(Foto: Jéssica Marzola/Arquivo Pessoal)
Com a ajuda da família, principalmente da mãe e da sogra, ela ficou o tempo todo com ele durante as internações. Jéssica sempre acompanhou de perto a luta de Francisco pela vida. “Eu fiz um treinamento no hospital e hoje eu mesma faço tudo pra ele em casa. Meu filho só recebe tratamento especial de enfermeiros durante as noites e madrugadas, porque é obrigatório”.

Para ela e também para os especialistas que cuidam do bebê, a proximidade é essencial. “O médico e eu sentimos que com esse novo método, recebendo de mim a maioria dos cuidados, ele está progredindo muito melhor”, se orgulha.

Francisco não teve mais recaídas e está em casa
há mais de 15 dias. (Foto: Jéssica Marzola/Arquivo
Pessoal)
Hoje com 65 cm e 5,4 kg, Francisco começa a dar grandes sinais de evolução. “Meu filho cresceu. Agora ele brinca, interage. Antes era muito chorão, sentia medo das pessoas por causa de trauma dos hospitais. A carinha dele está totalmente diferente”, conta a mãe. Ela diz que isso também é resultado dos primeiros passeios que agora pode fazer. “Quero mostrar o mundo pra ele, mas infelizmente tem que ser aos poucos. Fazemos pequenos passeios até para que as pessoas o conheçam, já que não podemos receber visitas pela sua fragilidade.”

A vida agora não só de Francisco, mas de toda a família, começa aos poucos a ficar mais tranquila. Francisco deve passar por mais uma cirurgia aos 3 anos de idade, para que possa ter uma vida normal. As vitórias diante de tantas lutas garantem a Jéssica um Dia das Mães mais que especial. “Graças a Deus este ano ele está em casa. Foi um milagre ter passado por tudo isso. Neste dia eu espero ficar em casa com o meu maior presente, junto com a minha família e não só nos dias das mães, mas em todas as outras datas. Em casa, ele fica muito mais feliz!”.

Em abril, Francisco comemora a Páscoa com a família em casa. (Foto: Jéssica Marzola/Arquivo Pessoal)
Tatiane SantosDo G1 em Mogi das Cruzes e Suzano - 06/05/2014

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