Caminhoneiro gasta R$ 8 mil e vira corintiano "mais fiel"
ESPORTES
As facilidades da internet fizeram com que, a partir de 2008, o torcedor corintiano pudesse adquirir ingressos para as partidas sem precisar sair de casa. E um deles aproveitou isso muito bem.
O fanatismo, capacidade financeira e flexibilidade de horário fizeram com que o caminhoneiro Eduardo César Caetano se transformasse no recordista em aquisições de bilhetes para jogos do Corinthians pelo programa Fiel Torcedor, que começou no segundo semestre de 2008, quando a equipe corintiana ainda disputava a Série B do Brasileiro.
A primeira partida do programa foi no dia 30 de agosto de 2008, contra o ABC. Naquele jogo, somente ele e mais 134 torcedores foram às arquibancadas pelo Fiel Torcedor. Depois dele, Eduardo ainda foi a mais de 140 jogos. O número exato nem ele sabe.
“O site está marcando 136 jogos, mas está desatualizado. Nem sei de quando foi a última vez que atualizaram”, falou Eduardo ao UOL Esporte.
Além de todos os jogos no Pacaembu, ele já foi pelo programa até Presidente Prudente, Florianópolis, Belo Horizonte, Porto Alegre, Santos, Rio de Janeiro e Buenos Aires para acompanhar a equipe.
Eduardo conta que só foi saber que era o “corintiano mais fiel” do programa quando foi avisado que teria privilégio para adquirir o primeiro bilhete do Fiel Torcedor para um jogo fora de São Paulo. Foi na final da Copa do Brasil de 2009, contra o Internacional, em Porto Alegre.
“Você sempre acha que nunca vai acontecer isso com você. Nunca achei que fosse acontecer comigo [de ser o recordista]. Nem sabia que existia [um ranking do mais fiel]. Na final da Copa do Brasil que eu fiquei sabendo que era o primeiro do ranking pra disponibilizar o ingresso no Beira-Rio. Foi uma grande surpresa.”
Eduardo fez as contas do quanto gastou com o Corinthians só de 2008 pra cá, com ingressos, estacionamento e viagens para outras cidades onde o time jogou. “Só de ingresso deu R$ 2.570. De estacionamento, cerca de R$ 1.370. E viagens R$ 3.900. O que dá R$ 7.840. Nossa, não vou nem mostrar isso para minha mulher, se não ela me mata”, brincou.
Os "prêmios" que ganhou até hoje foram um copo do clube e a chance de ver um jogo do Brasileiro do ano passado no camarote de um patrocinador. “Eles pegaram os dez primeiros do programa pra ver o jogo com o Cruzeiro num camarote. E ganhei um copo de chope de 600 ml com uma embalagem de madeira. Aí tinha um brinde para os três primeiros.”
O torcedor é casado, mas não tem filhos. Ele conta que sua mulher nunca reclamou de sua paixão pelo clube e até adequa a agenda do casal aos jogos do time do Parque São Jorge. “Nunca tive problemas. Acertei bem no casamento. Quando ela quer sair, me pergunta quando é o jogo, se é sábado ou domingo, para irmos no teatro no outro dia. Graças a Deus ela nunca me perturbou em relação ao Corinthians”, falou.
E sua mulher nem é corintiana. Já “virou casaca”, mas mesmo assim não para o time do marido. “Ela é santista. Mas não torce muito não. Quando eu conheci ela, era são-paulina e odiava o Rogério Ceni. Aí decidiu mudar de time e virou santista.”
O que fez Eduardo aderir com afinco ao sistema foi a dificuldade que tinha para comparar bilhetes nos locais de venda. Ele diz que muitas vezes não tinha onde estacionar o seu caminhão.
“Não dava, não dava. Era complicado pra comprar os ingressos. Tinha lugar que não tinha onde estacionar. Uma vez eu entrei de carreta e tudo dentro do Canindé. E lá perto tem um posto policial. Aí o guarda veio e mandou eu tirar a carreta. Era complicado comprar ingresso pelo tamanho do veículo. Mas pelo Fiel Torcedor, meus problemas acabaram. Hoje compro pelo celular”, falou.
Outro fator que ajuda a ir nos jogos atualmente é a aquisição de uma moto. “Moro perto do Pacaembu, cerca de 7 km. Então eu só pego a moto e vou pro campo. Já tem um local para estacionar em que pago R$ 10.”
Ele se diz confiante para a final da Libertadores, contra o Boca, e já faz planos para estar presente no Mundial de Clubes, em dezembro, no Japão. “Estou confiante demais. Cada minuto começo a pensar no Sheik vindo pela direita, driblando e cruzando”, falou.
“Ontem mesmo no Facebook já estava combinando com três amigos torcedores o quanto custa a viagem [para o Japão] e por onde ir. Tenho um amigo que tem agência de viagem. Ele falou que é melhor fazer escala nos Estados Unidos, que é mais barato”, finalizou.
José Ricardo Leite
Do UOL, em São Paulo
Eduardo César Caetano, o corintiano líder em presença pelo Fiel Torcedor
Fonte: Esporte UOL - 04/07/2012