Papai Noel negro existe, mas é minoria
Papai Noel negro existe, mas é minoria
Muitos não acreditam, mas existe um Papai Noel afrodescendente: ele trabalha em um shopping center de Los Angeles![]() |
Divulgação |
Alguns o chamam para ter certeza de que ele está lá. Eles vêm de bairros distantes e passam por vários outros shoppings que não têm um Papai Noel como ele.
Por quase uma década, Patterson tem sido a principal atração no shopping Baldwin Hills Crenshaw Plaza na época de Natal: um Papai Noel negro, espécie rara em um mercado onde predominam os papais Noéis brancos.
O shopping, localizado em Los Angeles, é um dos poucos nos Estados Unidos com um Papai Noel preto. Alguns dizem, com certo exagero, que Patterson é o único Papai Noel negro de shopping center que existe.
"Precisamos mostrar para os nossos filhos que as coisas boas acontecem em pele de chocolate", disse Til Prince, de 50 anos, morador de Palmdale, observando sua neta, a sobrinha e o filho de sua sobrinha posar com Patterson.
" Muitas vezes somos bombardeados com o oposto. Nós não estamos tentando excluir ninguém, mas devemos comemorar nossa pele chocolate", comentou ele ao ser entrevistado pelo jornal Los Angeles Times.
A participação da população negra em Los Angeles diminuiu nos últimos anos, segundo o jornal, por causa da crescente migração latina. O shopping Crenshaw agora tem um Papai preto e um de língua espanhola, um aceno para a mudança demográfica.
"Nós buscamos ficar em sintonia com a nossa comunidade", disse ao Los Angeles Times Rachel Erickson, diretor de marketing do shopping.
Empoleirado em seu posto no meio do shopping, Patterson cumprimenta a todos. Como muitas das crianças que o visitam, ele não acredita que sua cor de pele o torna diferente. Ele é simplesmente o Papai Noel.
"Eu nunca pensei sobre isso", diz o Papai Noel de 77 anos. "Eu só estou tentando fazer as crianças felizes".
Ele começou o trabalho em um lance de sorte. Em 2004, estava sentado na praça de alimentação do shopping quando um trabalhador shopping se aproximou dele e perguntou: "Você gostaria de ser Papai Noel?"
Patterson já tinha ouvido a comparação antes. Desde que ele parou de se barbear e os cabelos brancos começaram a aparecer em seu rosto, as pessoas diziam que ele lembrava o Papai Noel.
Quando Patterson considerou a possibilidade de assumir o papel, ele lembrou as elaboradas festas que seus pais faziam para ele e seus quatro irmãos, em Houston, durante a Segunda Guerra Mundial.
Seu vestia uma roupa de Papai Noel e ria alto: "Ho! Ho Ho!", para a alegria das crianças. Elas corriam para ver o Papai Noel se esgueirar pela porta.
"Nós tivemos belos Natais", Patterson recorda, sorrindo com a lembrança. "Minha mãe não nos deixava saber que éramos pobres."
Ao se aposentar como técnico de informática, Patterson resolveu ganhar um dinheiro extra como Papai Noel. Seu melhor amigo tinha acabado de morrer de câncer. E seus dois filhos já não moravam com ele.
"Eu apenas pensei que eu estava sendo pago para colocar em um terno de Papei Noel e dizer 'ho! Ho! Ho !", disse. "Mas, então, eu me sentei e vi as reações das crianças. E percebi que podia fazê-las mais felizes".
Não existem estatísticas oficiais sobre o número de Papais Noéis afro-descendentes no mundo. Mas Timothy Connaghan, diretor da Universidade Internacional de Papai Noel, uma escola baseada em Los Angeles, garante: "É um número muito desequilibrado. "
Fonte: Estadão - 17/12/2013