Carnaval de SP terá 3 organizadas no mesmo dia
Desfile com torcidas organizadas no mesmo dia no Anhembi deve ter esquema de segurança de clássicos
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Bateria da torcida são-paulina Independente em jogo realizado em 2011: desfile no grupo 1 / Foto: Gazeta Press |
A morte de Márcio Barreto de Toledo, membro da Torcida Jovem do Santos e vítima de uma emboscada de seguidores da Independente - uniformizada do São Paulo - no último domingo, mostrou novamente o comportamento envolvendo as principais organizadas dos times do Estado. E na próxima segunda-feira, no Sambódromo do Anhembi, três delas vão se encontrar para o desfile do grupo 1, a terceira divisão do Carnaval paulistano: Camisa 12 (Corinthians), Independente e Torcida Jovem.
A frase no começo desta reportagem foi dita por um membro da União das Escolas de Samba de São Paulo (Uesp), mas, depois do assassinato do torcedor do Santos, a segurança será reforçada.
Na segunda-feira após a tragédia, o presidente da Uesp, Kaxitu Ricardo Campos, se reuniu com dirigentes da principal organizada da equipe do Morumbi. Depois, ele também ouviria torcedores do clube da Vila Belmiro, mas por causa do luto não houve encontro. No mesmo dia, também aconteceu a assembleia geral da entidade, e novamente sem a presença da organizada do Santos.
Para a manhã desta quarta, a liga das escolas marcou uma entrevista coletiva para as 11h (de Brasília), junto a autoridades que farão a segurança do Carnaval, para explicar o plano de ação com as torcidas organizadas. Antes, porém, Kaxitu deve se reunir com Polícia Militar, Independente e Torcida Jovem para tentar apaziguar os ânimos e encontrar o melhor caminho no dia dos desfiles. Ele não descarta seguir o exemplo dos dias de clássicos na capital, quando a PM costuma escoltar os representantes de uniformizadas até o local de um jogo - neste caso, o Sambódromo.
"Os acessos às arquibancadas são monitorados. Existem duas saídas para a segunda-feira: a dos componentes das escolas e àqueles que vão torcer. Cada torcida recebeu 2.000 ingressos da liga. Se haverá escolta como nos jogos de futebol, ainda não sei, mas em função dessa questão (a morte do santista) pode ser melhorado, acrescentado", afirmou o presidente da Uesp ao ESPN.com.br.
"Estou conversando com as torcidas, cada uma vai ter arquibancada separada, não uma do lado da outra. Elas vão chegar agrupadas, vão assistir ao desfile de sua agremiação, e depois vão embora. A orientação é de prestar atenção. Tenho certeza que não vai haver briga", falou o capitão André Diniz de Oliveira, do 9º Batalhão da Polícia Militar, à reportagem.
"Mas (a escolta) não será feita por nós. É com o Batalhão de Choque, mas ainda não tenho essa confirmação. O que foi pré-acertado é o acompanhamento do 2º Batalhão", explicou.
Kaxitu revelou que o sorteio que definiu a ordem de entrada das escolas de samba do grupo 1 foi dirigido, tudo para evitar confrontos entre os seguidores de cada uma das torcidas. "Estamos há 40 dias planejando a segurança. Serão entradas separadas, houve um sorteio direcionado para que as torcidas não se encontrem no aquecimento ou na dispersão, e as torcidas das entidades vão ser colocadas em locais separados nas arquibancadas, com toda a segurança", disse.
"Nunca esperamos o pior, mas a organização tem que pensar em tudo. Inclusive na última sexta tivemos uma reunião grande com todas as lideranças para tratar da segurança do Carnaval", continuou. O presidente da Uesp disse não acreditar em briga entre torcedores de Independente e Jovem, apoiado no regulamento - o artigo 16 - que prevê a exclusão de qualquer entidade filiada em caso de incidentes antes e durante o desfile até a apuração.
"A Uesp tem 40 anos, essas entidades nem são tratadas por essa nominação, torcida, mas sim como escola de samba. A Torcida Jovem é um bloco, está há 35 anos aqui, a gente procura não vinculá-los a essa questão de torcida. Existe uma regra de entrada, de convívio mútuo. Uma infração já foi aplicada para a independente no passado, há exatos 11 anos", lembrou Kaxitu, citando a expulsão da uniformizada do São Paulo após retaliação à corintiana Pavilhão Nove em 2003 - até agora é a única vez em que a entidade que organiza o Carnaval decidiu excluir uma agremiação.
O capitão André disse que há o monitoramento de redes sociais, onde as torcidas podem marcar brigas, mas assegurou não ser um temor: "Tem o pessoal que trabalha com isso, inteligência da Polícia Militar, e eles passam para nós. Houve esse fato infeliz que aconteceu com o torcedor do Santos, mas não tememos (briga). Estamos preparados para todos os locais".
O mandatário da Uesp também disse que não houve qualquer movimento da Torcida Jovem para desistir de disputar o grupo 1 do Carnaval paulistano por causa da morte de seu sócio. "Eles até levaram os carros para o Anhembi hoje (terça) à noite", falou Kaxitu.
Fonte: ESPN - 26/02/2014