Empresas que pagarão pelo uso da água querem reduzir o consumo
Empresas que pagarão pelo uso da água querem reduzir o consumo
Dinheiro arrecadado deve ser aplicado na Bacia Hidrográfica do Alto Tietê.
Na indústria do papel, água corresponde a 98% do processo de fabricação.
Na indústria do papel, a água corresponde a 98% do processo de fabricação. Durante o processo de uma empresa de Mogi das Cruzes, são retirados cerca de 9 mil litros por hora do Rio Tietê. Preocupada com a preservação, a empresa criou o projeto Pegada Hídrica, que tem por objetivo o uso consciente. 70% da água retirada da natureza são reutilizados. Outros 25% são tratados e retornam para o meio ambiente. "Com isso a gente consegue ter um menor consumo de água potável no processo produtivo de papel", diz a gerente de meio ambiente Janaína Karen Rodrigues.
Iniciativas como essa são importantes, mas o Governo de São Paulo e o Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê já anunciaram novas propostas. Empresas que retiram água e jogam esgoto direto nos rios e córregos vão ter que pagar. "Essa cobrança é um consenso de vários indicadores, um deles é a questão da captação de água, o quanto você capta de água, o outro é quanto você devolve de água no rio e também interfere a questão da carga de poluentes que está sendo inserida no efluente. Isso tudo gera um cálculo que vai gerar um valor de cobrança anual para cada empresa", explica Janaína.
Uma outra empresa do segmento petroquímico de Mogi das Cruzes retira a água de um
afluente do Rio Oropó. É na estação de cerca de 250 metros quadrados que 100% da água captada é tratada e em seguida reutilizada na própria indústria. São cerca de 100 mil litros por dia. A água é usada no processo industrial, na limpeza da fábrica e para atender as necessidades pessoais dos 200 funcionários que trabalham no local.
Todo o esgoto industrial e sanitário é encaminhado para a estação no tratamento de efluentes. Depois de passar por todo o processo, a água volta a ficar limpa, pura. A prova está em um pequeno aquário. Apesar de todo este cuidado com o meio ambiente e com a redução dos impactos, em breve a empresa também deve começar a pagar pela água que utiliza.
"A gente tem que começar a avaliar esta cobrança, qual vai ser o retorno que a empresa vai ter com isso, porque até hoje, pelo menos ao meu ver, não está esclarecido qual vai ser o retorno, onde que vai ser empregado este valor pago pelas indústrias, porque hoje nós já temos nossas ações, a própria estação de reuso e independente de cobrança ou não. Então, assim, nós queremos que isso seja pelo menos bem empregado minimamente", diz a supervisora de meio ambiente Renata Moura.
Segundo o decreto que institui a cobrança pelo uso da água, todo o dinheiro arrecadado deve ser aplicado na própria Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, de acordo com as obras e projetos previstos no plano da bacia. A aplicação dos recursos deve ser acompanhada pelos integrantes do Comitê da Bacia Hidrográfica.
Fonte: G1 - 24/04/2014