24 haitianos refugiados são encontrados em condições de trabalho escravo

24 haitianos refugiados são encontrados em condições de trabalho escravo

24 haitianos refugiados são encontrados em condições de trabalho escravo
Divulgação
Vinte e quatro haitianos foram atendidos pelo Ministério do Trabalho de Suzano por estarem trabalhando em situação de escravidão. Eles estavam em uma obra em Mogi das Cruzes. 

Por conta desta situação, 11 deles continuam trabalhando no local e 13 pediram desligamento por terem condições de procurar outro emprego. As condições precárias de trabalho foram constatadas em outubro deste ano, após uma vistoria. A empresa foi notificada e já readequou o local. Além deste problema, os funcionários estão com salários atrasados há três meses. Esses trabalhadores são refugiados e chegaram ao Brasil pelo Acre, depois do terremoto que devastou o Haiti.

De acordo com relatos do Ministério do Trabalho, a denúncia chegou por meio dos próprios funcionários. Durante a visita foi constatado que o local não possuía camas apropriadas, colchões fora das especificações de conforto, não havia o fornecimento de água potável. Além disso, o espaço era insalubre por falta de ventilação de ar, calor intenso, não havia fornecimento de roupa de cama, falta de higiene, geladeira que não funcionava e alimentos estragados. 

"O problema já foi resolvido. Agora é o pagamento de salário atrasado. A gente vai sentar no final do dia para conversar com a empresa e os funcionários para tentar resolver isto".

O haitiano Markens Augustina, de 26 anos, disse que deixou esposa e filho no Haiti, mas que pretende trazê-los para o Brasil. "No momento isto não é possível por causa da instabilidade nos pagamentos. Não há garantia para o sustento deles". Este também é o pensamento do refugiado Janvier Barlemy, de 24 anos, que pensa em trazer os pais e irmãos para o Brasil e frisa que tem um primo na Capital. Eles contaram que para manter contato com os familiares é necessário se deslocar até o Centro de São Paulo, pois é o único local que mantém um bom sinal de telefone, mas a chamada possui um custo de R$ 2 por minuto. 

Por causa da dificuldade financeira, os dois refugiados não conseguem contato com a família e os deixam preocupados sem notícia. "Tenho filhos e mulher. Não consigo falar com ela porque não tenho dinheiro do pagamento. Cada hora (a ampresa) fala uma data", desabafa Augustina.
A empresa responsável pela contratação afirmou ao Ministério do Trabalho que não efetuou o pagamento por não receber o dinheiro da construtora. Uma reunião será agendada para resolver esta pendência.
O auditor fiscal do trabalho José Luiz Lázaro explica que todo trabalho que não oferece condições dignas para o trabalhador pode ser considerado escravo. Lázaro explica que tem seu foco maior na fiscalização da construção civil, o que representa 90% do seu trabalho. Nos últimos anos, este setor teve um aquecimento e por consequência uma demanda maior. Somente na região (Suzano Poá, Itaquaquecetuba e Ferraz de Vasconcelos), tiveram oito mortes no setor, e isto representa um número muito alto.

A faixa etária destes trabalhadores está entre 20 e 32 anos. A empresa deve investir na prevenção do trabalho, pois todo acidente é previsível. As empresas precisam desenvolver culturas e políticas de segurança contínua e não somente quando o auditor passa. É um trabalho que precisa ser levado muito a sério. "Os acidentes acontecem na maioria das vezes com os mais novos porque não escolhem empresas grandes. Muitas empresas não têm uma política de segurança. As fiscalizações sobre este tipo de situação ocorrem mediante denúncias realizadas por funcionário. É com a denúncia que gera a demanda", explica o auditor.

Fonte: Diário de Suzano - 02/12/2014

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