Após 7 horas, mulher é atendida no hospital de Ferraz

Ela chegou às 10h e só saiu às 17h após passar por um clínico geral.
Hospital Dr. Osiris Florindo Coelho está sendo investigado pelo MP.

Sete horas de espera para tomar uma injeção. Esse foi o tempo que a dona de casa Edna Aparecida Domingos passou no Hospital Regional Dr. Osíris Florindo Coelho, em Ferraz de Vasconcelos, região Metropolitana de São Paulo, nesta terça-feira (11). Ela chegou ao hospital com dores no corpo por volta de 10h e só saiu às 17h, diagnosticada com gripe e medicada com a injeção. A demora no atendimento aconteceu menos de uma semana após o diretor técnico da unidade ter deixado o cargo em meio a denúncias de falta de médicos, existência de funcionários fantasmas e outras supostas irregularidades. As denúncias são investigadas pelo Ministério Público.


Hospital de Ferraz de Vasconcelos é alvo de investigação do 
Ministério Público (Foto: Pedro Carlos Leite/G1)

Moradora do bairro Vila Alaíde, em Ferraz de Vasconcelos, Edna conta que o atendimento continua o mesmo. "O atendimento aqui demora bastante. Meu marido usa mais o hospital e a situação continua ruim", afirma. OG1 esteve no local e ouviu de outros pacientes que havia apenas um clínico geral de serviço. "Eu cheguei às 14h, quando algumas pessoas que chegaram às 9h estavam sendo atendidas", conta Silvia Fidelis Fonseca, que esperava há duas horas por consulta com um clínico geral. O saguão não estava lotado. Cerca de 45 pessoas aguardavam o atendimento.

Às 16h18, o G1 encaminou um e-mail para a Secretaria Estadual de Saúde questionando a demora no atendimento relatada pelos pacientes que estiveram no hospital nesta terça-feira. Até as 20h10, o setor não havia enviado a resposta.

Mudança
Na última quinta-feira (6), a Secretaria Estadual de Saúde confirmou que o diretor técnico do hospital, Dirceu Ioshiaki Kanaguchi, foi transferido para o Hospital Geral de Taipas, na capital. Em nota, a Secretaria afirmou que Kanaguchi não foi demitido e que trata-se de uma decisão meramente administrativa. Desde segunda-feira (10), o cargo em Ferraz de Vasconcelos está sendo ocupado pelo antigo diretor de divisão médica da unidade, Joaquim Manoel Secani.

Polícia
No dia 17 de novembro, o diretor clínico do Hospital, médico Alfonso Maria Garcia Bittencourt, foi até a Delegacia Central de Ferraz de Vasconcelos e registrou um boletim de ocorrência denunciando falta de médicos no local.

Segundo ele, o Hospital de Ferraz de Vasconcelos estava sem profissionais das seguintes especialidades: clínico geral, ortopedista e pediatra. No dia da denúncia, o serviço no pronto-socorro chegou a ser paralisado, segundo o diretor.

De acordo com Bittencourt, a falta de médicos se deve a seguidos pedidos de exoneração. Desde o final de 2011, Bittencourt diz que quase 70 médicos teriam pedido demissão e novos profissionais não foram recolocados.

Caso antigo
Em julho desse ano, o Diário TV exibiu uma série de reportagens onde a falta de médicos especialistas era a principal reclamação. A equipe da TV Diário também teve acesso aos comunicados enviados ao Corpo de Bombeiros e às unidades do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) com base na região do Alto Tietê. O documento pedia para que não levassem mais pacientes por falta de profissionais. Em um desses comunicados havia um alerta: "se chegar aqui o paciente nem vai sair da ambulância".

Na época, a Secretaria Estadual da Saúde autorizou o diretor do hospital a dar explicações sobre os problemas enfrentados no atendimento à população. Dirceu Yoshiake disse que o Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos tinha menos médicos do que o necessário, mas adiantou que a situação deveria piorar, porque muitos contratos temporários estavam no fim e, por lei, não poderiam ser renovados.

Plano de carreira
O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, esteve em Santa Isabel, na região Metropolitana de São Paulo, no último sábado (08) e anunciou que em breve será sancionada uma lei estadual com um plano de carreira para os médicos. O objetivo é estimular a dedicação exclusiva aos hospitais públicos. "Hoje tem médico que ganha R$ 2 mil, até R$ 3 mil. Com esse plano de carreira, todos os médicos terão um piso de R$ 6 mil para 20 horas. Queremos estimular para que o médico não fique nesse 'pula-pula' de vários empregos. Se ele trabalhar para o estado ganhará R$ 14 mil, inicialmente. Ele pode fazer carreira e chegar a 20 mil", afirmou o governador.

Ministério Público
Após receber as denúncias de que haveria funcionários fantasmas e falta de médicos, o Ministério Público decidiu instaurar um inquérito para investigar as possíveis irregularidades e saber se as condições de atendimento são adequadas.

Nota
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informa que nesta terça-feira (12) seis clínicos gerais estavam atendendo no Hospital Regional de Ferraz de Vasconcelos. Sobre o caso da paciente Edna Aparecida Domingos, o hospital diz ainda que ela fez o cadastro no local por volta de 12h. A paciente foi atendida, medicada e liberada.
Pedro Carlos LeiteDo G1 de Mogi das Cruzes e Suzano
Fonte: G1 - 12/12/2012

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